Kelvin Rodrigues Ferreira
Ontem (30/01/2012) me aconteceu algo totalmente estranho e interessante ao mesmo tempo. Estava eu, indo trabalhar, após ter saído do metrô, com meu celular na mão e com um pouco de pressa por estar atrasado, quando de repente começou a chegar perto de mim uma figura meio bizarra, com barba meio por fazer, cigarro em uma mão, uma blusa social amarela e uma gravata mal colocada, logo pensei "É um mendigo, deixa eu esconder esse celular", então coloquei ele no bolso e essa figura veio até mim dizendo.
- Oi meu rapaz, sou um poeta de rua, poderia eu recitar a minha poesia?
Eu fiquei muito surpreso mas ainda estava andando quando ele, com um pedaço de papel rabiscado, e sem esperar eu responder, começou a ler a poesia. Eu parei, e fiquei prestando atenção em cada palavra do poeta estranho e mal-bem vestido. No fim da citação, pedi para postar a sua obra aqui, neste espaço, ele acentiu com uma reverencia, como se fosse um verdadeiro artista em seu palco, para seu publico de uma só pessoa. Depois que disse que eu também escrevia poesia, ele me perguntou:
- Quéres, se puder, adicionar mais palavras na reticências da minha poesia?
Eu não consegui, fiquei sem palavras e também meio sem jeito por estar de frente com tal pessoa, que eu se quer sabia quem era. Disse que sou apenas um aprendiz, e com mais uma revência de cabeça e um sorriso no rosto disse:
- Todos somos rapaz, todos somos.
Perguntei de onde era, ele respondera que era dali mesmo, "Estação Central" disse em um meio sorriso. Pedi-lhe uma foto, para colocar junto à obra, e antes do click ele se aplumou os braços, como numa apresentação, uma, mais uma, reverência. Parece que ficou empolgado, como eu, por que ele até esquecera em pedir algo pela sua poesia, só a aceitação e pouco tempo de conversa já valeram a poesia dita e recitada, logo depois nos despedimos, eu com o meu sorriso de empolgação, e ele com seu cigarro na mão.
Então agora, aqui, posto esta poesia Marginal, da Estação Central de Belo Horizonte:
MARISTON, Poeta de Rua 30/01/2012 - Estação Central, Belo Horizonte |
Saudade pouca,
Amor ainda!
Carnaval se aproxima.
É tanta alegria contida!
Sonhos se encontram
Ou perecem na avenida.
Haverá, por favor
Será que há...
Carnaval em BH?